segunda-feira, 26 de setembro de 2011

Últimas do Professor João Gilberto


Generosidade é uma conduta que está em extinção hoje em dia, lamentavelmente. Não conheço há muitos anos a boa senhora que está sempre cuidando dos seus e fez aniversário neste fim de semana. Sei que em todas as festinhas de sua família há um quitute à disposição, de seu arsenal de doces e salgados deliciosos. Geralmente, está envolvida com o cotidiano do marido, dos filhos e netos - uma rotina que a faz cozinhar, dirigir e gerir. É uma pessoa silenciosa, discreta, que poderia ser chamada de lua, em contraposição ao brilho festivo do sol. Tão importante quanto a luminosidade, o yang da filosofia chinesa, há o yin, o lado manso e discreto da montanha e que aqui também designo a lua. Então, percebi que nem no seu dia a aniversariante se furtava em servir aos parentes. Servir, o termo que caracteriza as mães e as avós dos contos de fadas. E a avó aniversariante estava feliz, por si e pelos outros. Observadora, como a lua cheia, percebia a alegria de seus filhos e netos; discreta, como a lua minguante, não buscava a atenção para si; feliz como a lua nova. Ora, ela não é "apenas" avó e mãe. Pois no passado chamava-se vovó e mamãe àquelas mulheres que conseguiam transformar amor em generosidade sem limites. Ou seja, avó e mãe qualquer mulher pode ser, mas vovó e mamãe só mesmo as que multiplicam por dois a sílaba tônica e amam seus rebentos incondicionalmente. Creio ter percebido uma certa emoção na hora do parabéns. Um coração apertado. Lua quarto crescente... 

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