quarta-feira, 13 de abril de 2011

Coluna do Guilherme Guaral

Nada será como antes

Cabo Frio vem passando por um intenso processo de transformação. A parte de estruturação e desenvolvimento urbanístico, com dezenas de ruas pavimentadas, praças reformadas e bairros novos. Aquele que não visita nossa terra há mais de 10 anos, com certeza levará um susto e a surpresa será imediata. Temos uma linda cidade para usufruir e acolher os turistas que a escolhem como seu destino de lazer.

A imprensa da cidade também cresceu a olhos vistos. Os jornais proliferam, as rádios se consolidam, os blogs surgem e se vão e num fenômeno surpreendente temos diversas emissoras locais. Essas Tvs conseguem atrair a atenção dos telespectadores locais que desejam se ver e ver seus amigos, parentes e conhecidos. Aparecer nos canais locais é um passo para a “fama”. Pelo menos em Cabo Frio. Posso verificar esse fenômeno, pois desde 2003 apresento programas e agora comandando o projeto de uma novela na Jovem Tv. A repercussão é sempre interessante e espontânea.

Um ponto, porém, que vislumbro como o grande diferencial nesse processo de transformação da cidade é a instalação das Universidades Veiga de Almeida e Estácio e a revitalização da Ferlagos, assim como novas instituições de pós-graduação, formando assim um polo universitário que faz circular em nosso município cerca de dez mil estudantes de nível superior, vindos de todas as cidades da Região dos Lagos.

Os saberes já instituídos e os que estão em processo de instituição geram uma massa crítica, pensante, que busca autonomia e se torna capaz de resolver as situações-problema com maior grau de eficácia. A Universidade estimula o desenvolvimento das capacidades intelectuais e suas habilidades específicas criando condições para que o indivíduo possa entrar no mercado de trabalho, no segmento que ele escolheu, de maneira plena, apto a dar conta dos desafios que se apresentam nos diversos setores do mundo do trabalho.

Com experiência em duas instituições de Nível Superior na cidade, observo in loco o processo de transformação dos indivíduos. Desde quando esse aluno entra na Faculdade até sua formatura, um mundo novo se abre na vida de cada um deles. Eu costumo dizer que depois de entrar na Faculdade “Nada será como antes”, como diz a música dos mineiros do Clube da Esquina. Cada nova idéia, novos conceitos, discussões e verdades sendo colocadas em debate, são provas incontestes que o impacto produzido em cada aluno é enorme. Os assuntos discutidos em sala de aula transbordam os muros das Universidades e chegam até as casas, o local de trabalho os espaços de lazer, os clubes esportivos e nos bailes dançantes dos finais de semana.

Por conta desses “abalos sísmicos” nas estruturas vigentes alguns alunos sofrem com a implicância de parentes próximos ou distantes e de amigos ou colegas de trabalho que tentam, muitas vezes, desmerecer seus esforços, revelando suas posições e preconceitos que servem de discurso contra a universidade: “Ter estudo no nível superior não é tão importante assim!”, “Depois que você começou a fazer faculdade se tornou um chato, metido e agora só fala difícil.”

Esses comentários partem de todos os lados até mesmo de dentro de casa, quando uma discussão acontece, alguns maridos, filhos, namorados, esposas, namoradas soltam essas farpas.

Coragem!!! Sigam em frente! Convidem esses que reclamam a tentar também entrar no Nível Superior. Tudo ficará melhor, pois todos comungarão com as atividades de pesquisa, leitura, terão interesse por programas mais educativos e que tratem a arte como bem cultural e não lixo industrial. Assistirão palestras, congressos, navegarão pela Internet e passarão a discutir o mundo, a economia, as questões políticas e sociais de outra maneira. Até mesmo a cerveja, o futebol, o churrasco, o salão de cabeleireiro, as “liquidações da Casa e Vídeo” tomarão outra conotação e passarão a ser analisados sob um viés sociológico, histórico, filosófico ou antropológico. O mesmo se dará com os programas de televisão, as novelas, os telejornais, as músicas de massa (pagodes, axés, sertanejos e afins) serão escutados de outra forma. Essa nova forma de enxergar o mundo, o homem, o país, não será só pelo foco da negatividade. Existirá espaço para compreensão e até valorização do que muitas vezes julgávamos completamente sem importância.

Tudo que aqui está esboçado têm muito a ver com o texto “Alegoria da Caverna” de Platão. Vale a pena ler e perceber como vivemos muitas vezes dentro das cavernas enxergando a vida através das sombras e que quando se cria coragem para abandonar a caverna e ver a vida como ela é tudo se modifica. Quando temos a coragem de abandonar a mediocridade da sociedade e transpor os limites da ignorância, do misticismo e dos preconceitos ganhamos uma vida nova, uma alma nova e assim podemos transformar o mundo. Aqueles que optarem por permanecer na caverna, na maioria das vezes, preferirão continuar enxergando a vida através das sombras e vai achar que a luz do sol, a claridade, as cores do mundo te fizeram mal. O que fazer? Voltar para a caverna? Arrastar o companheiro, a companheira para fora da caverna? Abandonar a mediocridade dentro da caverna? Você é soberano nas suas decisões e viva o livre arbítrio. Só uma coisa para encerrar: Depois que você começou o seu curso na Faculdade sua vida já é outra, afinal de contas “Nada será como antes”.

Nenhum comentário:

Postar um comentário