terça-feira, 31 de maio de 2011

Eventos


Lançamento do livro do professor Luiz Guilherme Scaldaferri Moreira: "MOREIRA, Luiz Guilherme Scaldaferri & CARNEIRO, Janderson Bax. Os índios na história da Aldeia de São Pedro de Cabo Frio – séculos XVII-XIX. Rio de Janeiro: Grafline, 2010".

Local: Feira Forte no dia 24 de Junho às 17 horas no Stand da Biblioteca Pública de Cabo Frio – Walter Nogueira.


domingo, 29 de maio de 2011

Coluna do João Gilberto

SEM PALAVRAS
Ouvi no rádio. A mãe havia se separado do pai, flagrada em traição. Ela não gostava do padrasto que viera morar com elas e procurava se manter afastada, prudentemente. Um belo dia - belo apenas por força de expressão - o tal padrasto a estuprou enquanto a mãe estava no supermercado. Chorou durante uma semana sem saber o que fazer. Se contasse ao pai, ele provavelmente mataria o miserável que pela segunda desgraçava sua vida. O tempo passou e ela resolveu ir ao médico para saber se engravidara, era o mais urgente a fazer. Não, não estava grávida. Pior: havia contraído a AIDS. Chorou ainda mais. A mãe poderia estar infectada e, quem sabe, também o pai. Agora não tinha mais opções. Ainda assim, escrevia ao programa de rádio em busca de conselhos. São as desgraças cotidianas, aquelas que não figuram nos manuais de ciência humana. Um demônio, a mãe traidora, o pai, ela - e todos aqueles que compartilham tempos tão difíceis...

quarta-feira, 18 de maio de 2011

Coluna do João Gilberto

SENSIBILIDADE DE OUTONO
A lua envolta em burka de nuvens se despia a cada curva. Os ares de outono anunciam o inverno, o inferno está escondido em algum canto do horizonte. A maturidade me traz a consciência do tempo, quando a vida se torna rápida feito vento de tempestade. Talvez a proximidade da data do meu aniversário me faça mal. Creio que seríamos mais felizes se não houvesse tantas datas que nos lembrassem a efemeridade da vida. A história se nutre da memória, a memória se alimenta das lembranças e as lembranças nos devoram. Animais e bebês vivem imersos num presente eterno, disse o filósofo que viveu pouco. E por isso são felizes, bebês e animais, o filósofo não. A lua já despida em São Pedro d´Aldeia me convida a pensar no futuro. É possível semear e colher sempre, este é o princípio da vida, preciso acreditar nisso. A cada aniversário uma nova colheita. Sinto o ar que entra pela janela do carona. Inspiro, acelero e penso em registrar essa sensibilidade toda...

domingo, 15 de maio de 2011

Entrevista do Professor Luíz Guilherme no Jornal "O Fluminense"

Recentemente participei de uma reportagem do jornal Fluminense (Niterói). Contudo, o Professor Fábio Frizzo me chamou a atencao para o fato de que algumas inverdades foram inseriadas em minha fala, uma vez que ainda nao tinha visto a materia.

Como personagem da reportagem, fui um dos entrevistados, quero mostrar a TOTAL repulsa pela mesma. Ñ disse que o magistério tem bons salários. Todos, inclusive eu, que trabalho no magistério já a uma década, sabemos da péssima remuneração da categoria. A repórter, para além das inverdades, poderia ter checado as informações, vendo assim que tal "afirmativa" não se sustentaria!


Coluna do João Gilberto

Turismo no céu

Ela abriu o porta-malas e chamou o rapaz da portaria. Ele atirou o imenso saco sobre as costas e se foi. Não resisti e fui perguntar o que era. Soube, então, que era ração de cachorro. Olhei a coordenadora/professora do curso de turismo e agradeci em nome de bichos que mal conheço. É reconfortante saber que existe gente boa no mundo. É verdade, há quem não goste e diga que instituições de ensino não são lugar para animais. Bem, as instituições que conheço são cheias deles, tal como a UFF ou a UFRJ – de tantos gatos e cachorros. Se o homem está destruindo sistematicamente o planeta, o mínimo que podemos fazer é fazer a nossa parte. A visão do intelectual como uma pessoa fria e insensível deve ser relegada aos filmes de terror do passado. O espírito de caridade é uma das características mais sublimes do ser humano. E foi emocionante ver as demonstrações de amizade de vários cachorros durante as enchentes da Região Serrana – eles são amigos leais e desinteressados. Assim, lidar com animais e com a natureza estimula nossa união com o planeta. É um trabalho pedagógico de resgate da alma. A coordenadora de turismo receberá, um dia, belos passeios no céu por conta de sua generosidade.

sexta-feira, 6 de maio de 2011

Coluna do João Gilberto

Fui solicitado a escrever mais uma vez para o blog do curso de história. E me senti um contador de histórias. Pensei em comentar alguma coisa da República Velha, embora tenha ficado tentado a discutir a relação entre a memória, a pessoal, e o trabalho do professor de história. Dizem os educadores que o ensino não pode se basear na memorização. Lembrei-me, então, de Rui Barbosa, personalidade destacada no período inicial republicano. O Águia de Haia era de uma capacidade mnemônica impressionante, entre outros atributos intelectuais. A memória é fundamental, com a devida licença dos que discordam. Precisei muito dela esta semana, para tratar de temas tão distintos quanto o funding loan, a pós-modernidade de Bauman ou as realizações do imperador Fuxi.

Não quero falar também de memória, que só me traz lembranças. Talvez pudesse mencionar quanto o outono me deixa nostálgico – um assunto por demais pessoal. Eu não falei de Nair de Tefé na aula de Brasil III ou do fascinante casal Oswald de Andrade e Tarsila do Amaral. Hum... Talvez fosse melhor escrever sobre as paródias à presidenta Dilma feitas pelo grupo Kibe Loco. Rir é fundamental. Eu disse isso na aula de sociologia de educação: quem lida com crianças não envelhece. Mêncio já dizia que o grande homem é aquele que não perdeu o coração de menino. É... eu acabo de me lembrar que tenho que me arrumar para trabalhar. Meus quinze minutos para escrever uma crônica ou algo parecido terminaram.

Coluna do Guilherme Guaral

Lições da grama do meu Jardim

Um dos grandes orgulhos que eu e minha esposa cultivávamos até meados de 2008 eram o gramado e o jardim de nossa casa. Por conta da demanda dos filhos adolescentes resolvemos que o nosso condomínio estava meio distante dos acontecimentos da cidade e resolvemos alugar nossa casa e partir para morar no centro. A vida é feita de escolhas e resolvemos sair temporariamente do que era nosso e viver mais próximo do trabalho e da escola dos filhos.

O ano de 2009 foi bastante turbulento, mas cheio de aprendizagens e lições. O filho mais velho passou para a faculdade e começamos a sentir saudades de estar em casa. Resolvemos voltar no finalzinho de 2009. Quando estávamos fazendo a mudança reparamos que o nosso orgulho tinha sido destroçado. Obra de dois cachorros enormes que nossos inquilinos possuíam. O mato reinava e os buracos davam a sensação que estávamos num campo de pelada arrasado pela falta de cuidado.

Eram tantas as tarefas de recuperação que o gramado e o jardim ficaram um pouco de lado. Minha esposa mais paciente do que eu, voltou a cuidar. Chamamos um funcionário do condomínio e eliminamos o mato. Os buracos, entretanto permaneciam e um restinho teimoso de grama espalhava-se pela parte em frente da casa.

Determinado e com senso prático resolvi comprar alguns metros de brita zero e praticamente eliminei o que era grama com a dureza do material da rocha. A concretude das pedras dava um clima árido ao cenário, mas permitia que andássemos sem tropeçar nos buracos.

O ano de 2010 ia correndo sem grandes novidades ou acontecimentos impactantes. Um fato, entretanto despertou minha atenção. No meio das pedras, a grama começou a nascer e independente da dureza da brita foi encontrando espaço e germinando. Assim como as idéias e novos projetos foram germinando na minha cabeça a grama do meu jardim mostrou que era preciso tomar uma atitude. Tinha pedra demais naquele caminho!

O Projeto da novela surgiu numa noite de festa, quando um dos fundadores da Jovem Tv me contou o sonho que ele tinha em produzir novelas, seriados, programas com dramaturgia. Era a grama querendo nascer entre as pedras dos interesses políticos e das bandeiras que estigmatizam as TVs da cidade em colorações personais e partidárias.

A idéia reacendeu meu desejo de atuar culturalmente na cidade. Achava que a brutalidade da “brita” tinha exterminado essa minha vontade, mas o “gramado” de novos horizontes me impulsionou a seguir adiante, a navegar em águas mais profundas.

Com isso passei a cultivar a novela e o meu jardim. Um movimento alimentava o outro. Resolvi ir retirando as pedras para a grama ganhar espaço. Uma trabalheira danada, mas a grama foi respondendo, queria e quer nascer de qualquer jeito. Comprei terra preta, rego todas as noites e tiro pedras quase todo dia. Assim como atuo como produtor, resolvendo questões, auxiliando e motivando a equipe que já conta com mais de sessenta pessoas.

Outra coisa que aproximam os dois cultivos é o fato de que ali, regando a grama e as flores, os personagens se manifestam em minha mente. Os diálogos brotam e os personagens vão se entrelaçando numa trama que está até mesmo me surpreendendo. Na paciência do cultivo e no contato com a terra, com a água, com as flores e a grama vou ajudando a força da natureza a ganhar seu espaço na luta contra a aparente força da pedra bruta.

Aprendi e aprendo todas as noites que para conseguir realizar nossos sonhos é preciso tomar atitude, ter coragem, ter oração, ter fé e arregaçar as mangas. Cultivar, cuidar, adubar e alimentar. Às vezes, na pressa ou na ansiedade arranco junto com as ervas daninhas grama que quer nascer. Coisas do percurso. Não desanimo e procuro replantar a grama afetada ou jogar de lado, pois talvez ela não esteja pronta, naquele momento, para o meu jardim.

Vamos em frente, sempre, muito trabalho ainda está por ser realizado, talvez o jardim não se torne tão maravilhoso como nós desejamos, mas com o cuidado que estamos tendo, me faz acreditar que as flores serão admiradas e respeitadas. O zelo, a paixão e a responsabilidade extrema nos garantem que tanto o meu jardim quanto a nossa novela vai florescer e nos dar muitas alegrias, nunca esquecendo que temos muitas pedras para retirar nesse caminho.