quarta-feira, 18 de maio de 2011

Coluna do João Gilberto

SENSIBILIDADE DE OUTONO
A lua envolta em burka de nuvens se despia a cada curva. Os ares de outono anunciam o inverno, o inferno está escondido em algum canto do horizonte. A maturidade me traz a consciência do tempo, quando a vida se torna rápida feito vento de tempestade. Talvez a proximidade da data do meu aniversário me faça mal. Creio que seríamos mais felizes se não houvesse tantas datas que nos lembrassem a efemeridade da vida. A história se nutre da memória, a memória se alimenta das lembranças e as lembranças nos devoram. Animais e bebês vivem imersos num presente eterno, disse o filósofo que viveu pouco. E por isso são felizes, bebês e animais, o filósofo não. A lua já despida em São Pedro d´Aldeia me convida a pensar no futuro. É possível semear e colher sempre, este é o princípio da vida, preciso acreditar nisso. A cada aniversário uma nova colheita. Sinto o ar que entra pela janela do carona. Inspiro, acelero e penso em registrar essa sensibilidade toda...

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